Uma ode à ressaca
Maio de 2013
Outro dia um amigo me perguntou o que acontece quando morremos. Deve ser como dormir pra sempre, respondi. Encontramos com um imenso e silencioso NADA. Genial, ele disse. Nunca mais beber água, escovar os dentes. Me parece interessante. Pois é, eu disse, acho que o céu ou inferno são duas possibilidades maravilhosas demais. Morreu já era, uma segunda chance é pedir muito.
Depois disso permanecemos em silencio por muito tempo. A TV transmitia um jogo de futebol muito ruim. As equipes logo me entediaram.
E Deus?, perguntei. Não sei, ele respondeu. Acho que não existe. Penso que Deus deve ser como a sorte, afirmei. Algo como jogar uma moeda e ela cair em pé ou sofrer um acidente de moto completamente bêbado e sair ileso. Preciso de algo pra rebater a ressaca, ele disse. Ainda tem vinho? Sim, respondi. Duas garrafas. Isso é sorte, ele disse. Talvez seja Deus, respondi. É uma religião com certeza, ele disse". Com o silencio de volta o que nos restou foi apreciar a bebida e esperar que a próxima ressaca desse o ar de sua graça. Ou Deus.
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