quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Share The Joy: Vivian Girls

 
Da esquerda: Fiona Campbell (bateria), Cassie Ramone (voz/guitarra) e Katy Goodman (baixo)


2011 - Polyvinyl Records

As meninas ganharam destaque pela primeira vez ao tocar no SWSX 2009, ou seja, dois anos depois de iniciarem a banda. “Share the Joy” é o terceiro trabalho das garotas que ainda não atraíram tanto os holofotes, mas se destacam dentro da cena underground de Nova York. O som do grupo se define como punk rock, indie, noise pop, lo-fi ou qualquer outro nome que o leitor queira dar. De fato as Vivian Girls são claramente influenciadas por Ramones e Pavement.
O disco nos mostra a voz amargurada de Cassie Ramone com efeito de eco e cantando melodias pop, já a guitarra é bastante alta e distorcida e ganha o complemento de uma bateria humildemente punk. Logo de cara temos uma das melhores faixas do álbum, “The Other Girls”, que tem melodia mais tranqüila bem ao estilo lo-fi. “Dance (if You Wanna)” é bem pop, Cassie ganha uma ajuda nos vocais acompanhada por uma bateria quase militar como a do Joy Division. Em “Lake House” e “Trying to Pretend” temos um pouco da velocidade punk, o que acontece com mais freqüência no primeiro disco das belas moças.
Está aí um disco agradável que a principio pode parecer muito pop, mas não foge das raízes garageiras da banda. O álbum é do tipo contemplativo que tem poucas canções dançantes, letras simples e uma doçura que atrai ouvidos mais atentos.




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Documentário American Hardcore ganha legendas em português

Sony Pictures (2006) - Ideal Records (2011)

O filme é de 2006 e virou dvd em 2007, mas somente em novembro deste ano chega ao Brasil com legendas em português. American Hardcore, do diretor Paul Rachman, é inspirado no livro American Hardcore: A Tribal History de Steven Blush. A idéia é retratar nascimento do Hardcore (1980) até a data que é considerada pelo senso comum como o inicio do fim para o Hardcore americano (1986). Steven Blush entrevista vários participantes da cena americana, entre eles músicos, produtores, fãs e jornalistas. Keith Morris e Greg Hetson (Circle Jerks), Ian Mackaye e Brian Baker (Minor Threat), Henry Rollins e Greg Ginn (Black Flag), H.R e Dr. Know (Bad Brains) são alguns exemplos.
O documentário tem como protagonistas as quatro bandas citadas anteriormente, mas atinge excelente abrangência ao falar de bandas como DYS, SSD, Cro-Mags, 7 Seconds, Agnostc Front, D.R.I., Void, Scream, The Adolescents, MDC e Gang Green vindas de vários cantos dos Estados Unidos e até mesmo do Canadá.
A contextualização com o momento político e social do país é o roteiro do filme. Jovens enfurecidos, frustrados e cansados de toda a assepsia e falsidade que anestesiava a sociedade americana, resolveram descarregar todo esse ódio através da música. Nos anos 80 o foco principal dessa raiva chama-se presidente Ronald Reagan.
Além do panorama que o filme dá sobre a cena, é interessante observar momentos que podem passar desapercebidos e que ajudam no entendimento do hardcore americano como, por exemplo, o trecho em que falam sobre as subdivisões do estilo. Há bandas que preferem sair por aí e foder tudo, outras focam no faça você mesmo, algumas falam sobre drogas, outras são contra. Há letras que falam de política, de emoção, e algumas não dizem nada. E obviamente que a violência entre esses grupos existia. A participação feminina dentro na cena também quase passa batida no filme, mas isso tem uma explicação, realmente as moças participavam muito pouco. O filme só cita uma garota como integrante de banda, Kira Roessler, baixista do Black Flag que saiu pouco tempo depois por considerar a banda machista.
American Hardcore é um ótimo filme para aqueles que conhecem o estilo de maneira superficial e desejam saber mais sobre a “raiva musicada” que através de acordes rápidos, agressividade, berros, cotoveladas, sangue e revolta jogou merda no ventilador justamente quando a “América dos Sonhos” se desenhava.

“Eu trabalho de segunda à sexta. E chega sexta à noite eu só quero me desligar. Eu odeio meu chefe, odeio as pessoas que trabalham comigo, odeio meus pais, odeio todas estas figuras autoritárias, odeio políticos, odeio governantes, odeio a polícia. Você sabe, todo mundo aponta o dedo na minha cara. Todo mundo fica me enchendo. Todo mundo fica me zuando.E agora eu tenho a chance de estar com pessoas como eu e eu tenho a chance de me desligar. Era basicamente isso. BOOOOOOOMMMMM.”
Keith Morris (Circle Jerks/Black Flag)

“Então todo país estava entrando na fantasia pueril dos anos 50 onde eles vestiam estes suéteres e éramos somente mentiras. Vá se foder. Não com agente. Você sabe, você pode pegar e enfiar pelo seu rabo”
Vic Bond (Articles of Faith)


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

The Fool: Warpaint



LAB 344 - 2011

Set Your Arms Down
Warpaint
Undertow
Bees
Shadows
Composure
Baby
Majesty
Lissie's Heart Murmur

 A banda é de Los Angeles, existe desde 2004 e as garotas não são novatas na música, mas The Fool é o primeiro disco delas. Em trabalhos anteriores o Warpaint contou com a participação dos músicos John Frusciante (na mixagem do Ep Exquisite Corpse) e Josh Klinghoffer (como baterista), respectivamente ex e atual guitarrista do Red Hot Chilli Peppers. Pouco depois do lançamento de The Fool as moças já circulavam pelos festivais mais importantes da Europa e Estados Unidos, inclusive com passagem pelo Brasil recentemente.
As meninas da Califórnia acertaram em cheio logo no primeiro álbum. The Fool tem uma pegada experimental que mistura o pop de vocais doces e angustiados com psicodelia. O destaque fica por conta das canções Set Your Arms Down, Warpaint e Composure, as três sintetizam o clima do disco citado anteriormente.
É um ótimo álbum de estréia e, aparentemente o Warpaint gozou da liberdade e tranqüilidade para realizá-lo. Isso não vai acontecer no próximo lançamento já que a banda, mesmo fazendo parte da cena alternativa, se tornou mundialmente conhecida. Vale lembrar que as moçoilas foram capa da NME e isso atrai em demasia os holofotes.








terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Morte voluntária



Epístola Sobre O Suicídio
Bertolt Brecht

Matar-se
É coisa banal.
Pode-se conversar com a lavadeira sobre isso.
Discutir com um amigo os prós e os contras.
Um certo pathos, que atrai
Deve ser evitado.
Embora isto não precise absolutamente ser um dogma.
Mas melhor me parece, porém
Uma pequena mentira como de costume:
Você está cheio de trocar a roupa de cama, ou melhor
Ainda:
Sua mulher foi infiel
(Isto funciona com aqueles que ficam surpresos com
essas coisas
E não é muito impressionante.)
De qualquer modo
Não deve parecer
Que a pessoa dava
Importância demais a si mesmo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Line- up oficial do Lollapalooza Brasil

Imagem não oficial divulgada um dia antes da entrevista coletiva de Perry Farrell

Line-up oficial
Sim, a imagem "pirata" que apareceu um dia antes da oficial estava certa. Ainda bem que estava certa. O line-up esta bastante interessante, mas sem muitas novidades já que  os rumores sobre a escalação do festival rolam faz tempo, só faltou o Yeah Yeah Yeahs (não é, Lúcio Ribeiro?).

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Hardcore Will Never Die, But You Will: Mogwai

 
2011 - SUBPOP

White Noise
Mexican Grad Prix
Rano Pano
Death Rays
San Pedro
Letters To the Metro
George Square Thatcher Death Party
How To Be a Werewolf
Too Raging To Cheers
You're Lionel Richie


Logo de cara devo lhes dizer que esse disco, apesar do nome, não assimila quase nada da simplicidade do Hardcore. A palavra simplicidade passa longe dos trabalhos do Mogwai, mas em “Hardcore Will Never Die, But You Will” os escoceses pegaram mais leve na complexidade, se é que isso é possível no post rock instrumental cabeçudo feito por eles.

O álbum começa com a belíssima “White Noise”, a canção inspira tranqüilidade no inicio depois se torna barulhenta exatamente quando o piano fica um pouco de lado e as guitarras quase rasgam nossos ouvidos. “White Noise” é um nome bem apropriado. Já “Mexican Grand Prix” tem uma pegada mais eletrônica e ameaça com vocais pouco audíveis assim como a faixa “George Square Thatcher Death Party”. Depois temos a melhor música do disco, “Rano Pano”, aqui o Mogwai esbanja poderosos riffs de guitarra intercalados com suavidade eletrônica, a faixa virou single e ganhou um excelente vídeo que já foi postado aqui mesmo. “San Pedro” é a mais Hardcore de todas, inclusive por ser a mais curta com três minutos e vinte e sete segundos, e também por contar somente com baixo, guitarra e bateria. Confere tudo isso no vídeo logo abaixo.
O piano volta ao disco com “Letters to the Metro”, mas dessa vez vem carregado de melancolia, se existe uma música neste disco que não é muito apropriada para ouvir bebendo uísque, ela chama-se “Letters to the Metro” (experiência própria, caro leitor), é uma faixa suave que prioriza o piano e batidas leves de bateria, as guitarras fortes passam longe.
O Mogwai tem sete discos de estúdio lançados e “Hardcore Will Never Die, But You Will” é, sem duvia, um dos melhores. Através de suas músicas a banda consegue transmitir as mais variadas emoções como o amor, a melancolia, a raiva, se as canções tivessem letras isso seria muito mais fácil, mas está aqui um grupo que nunca escolhe o caminho mais óbvio, é em função disso que bons discos ainda existem.
É isso, caros leitores, o CD está recomendado (digo caros leitores, com “s” no final mesmo, porque ainda tenho esperança que mais de uma pessoa lê esse negócio chamado Alsongs).






Ela tem namorado

A mulher do próximo (Sérgio Kohan)


'Não desejarás a mulher do próximo'.
E a mulher do próximo pode me desejar?
E se desejo o próximo ou se ele me deseja?
E se o próximo não deseja a mulher dele?
E se a mulher do próximo não deseja a ele?
E se os três nos desejamos?
E se ninguém deseja ninguém?
E se minha mulher deseja a mulher do próximo?
E por que não o próximo?
E se o próximo deseja minha mulher?
E se eu desejo a minha mulher e a do próximo?
E se ambas me desejam?
E se todos nos desejamos?
Sempre aparecerá alguém para dizer:
'Vamos parar por ai, pára por ai
Não desejarás, não desejarás e ponto final' ".

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ask The Dust


Adicionar legenda
Arturo Bandini é um jovem pobre filho de italianos que quer ser escritor, para isso deixa a casa dos pais no Colorado e se muda para Los Angeles, onde aluga um quarto barato e empoeirado que personifica a situação deprimente em que se encontra nosso protagonista. Ao gastar sua ultima moeda com um café no Columbia Buffet, Arturo conhece Camilla Lopez, uma bela garçonete mexicana que é tão transtornada quanto ele. É em torno disso que desenvolve a narrativa, Bandini escreve e envia todo seu material para o editor J.C Hackmuth que publica alguns contos e assim rende trocados que garantem a sobrevivência do futuro grande escritor.
Pergunte ao pó é um livro desesperadamente bem humorado, o protagonista mal tem dinheiro para comer e mesmo assim sustenta uma arrogância, mas ao mesmo tempo admite ser inexperiente e busca conselhos de Hackmuth.
Arturo Bandini fala sozinho, tem sonhos e devaneios, sempre imaginando seu nome nos jornais e nas bibliotecas ao lado de grandes nomes da literatura americana como Willian Faulkner.

"Eu tinha vinte anos na época. Que diabo, eu dizia, não se apresse, Bandini.
Você tem dez anos para escrever um livro, vá com calma, saia e aprenda
sobre a vida, caminhe pelas ruas. Este é o seu problema: sua ignorância da
vida. Ora, meu Deus, rapaz, você percebe que nunca teve uma experiência
com uma mulher? Oh sim, eu tive, oh sim, tive bastante. Oh não, você não
teve. Precisa de uma mulher, precisa de um banho, precisa de um bom
empurrão, precisa de dinheiro. Dizem que é um dólar, dois dólares nos
lugares chiques, mas na Plaza é um dólar; maravilha, mas você não tem um
dólar e outra coisa, seu covarde, ainda que tivesse um dólar não iria,
porque teve uma chance, certa vez em Denver, e não foi. Não, seu covarde,
teve medo, e ainda tem medo, e está feliz por não ter um dólar.
Com medo de uma mulher! Ah, grande escritor este aqui! Como
pode escrever sobre mulheres se nunca teve uma mulher? Ora, seu
miserável farsante, seu mentiroso, não admira que não consiga escrever!
Não admira que não houvesse uma mulher em O cachorrinho riu. Não
admira que não fosse uma história de amor, seu tolo, seu escolar boboca.
Escrever uma história de amor, aprender sobre a vida."

O livro tem toques de autobiografia, já que o autor, John Fante, viveu uma realidade parecida também em Los Angeles. Fante foi uma grande influencia para Charles Bukowski que, em umas das edições de Pergunte ao Pó, escreveu o seguinte prefácio:

Eu era um jovem, passando fome, bebendo e tentando ser escritor. Fazia a maior parte das minhas leituras na Biblioteca Pública de Los Angeles, no centro da cidade, e nada do que eu lia tinha a ver comigo ou com as ruas ou com as pessoas que me cercavam. Parecia que todo mundo estava fazendo jogos de palavras, que aqueles que não diziam quase nada eram considerados excelentes escritores. O que escreviam era uma mistura de sutileza, técnica e forma, e era lido, ensinado, ingerido e passado adiante.
Era uma tramóia confortável, uma Cultura-de-Palavra muito elegante e cuidadosa. Era preciso voltar aos escritores russos pré-Revolução para se encontrar alguma aventura, alguma paixão. Havia exceções, mas estas exceções eram tão poucas que a leitura delas era feita rapidamente, e você ficava a olhar para fileiras e fileiras de livros extremamente chatos com séculos para se recorrer, com todas as suas vantagens, os modernos não chegavam a ser muito bons. Eu tirava livro após livro das estantes. Por que ninguém dizia algo? Por que ninguém gritava? Tentei outras salas na biblioteca. A seção de religião era apenas um vasto pantanal... para mim. Entrei na de filosofia. Encontrei alguns alemães amargos que me animaram por algum tempo, depois passou. Tentei matemática, mas a alta matemática era exatamente como a religião: me escapava. O que eu precisava parecia estarausente por toda a parte. Tentei geologia e a achei curiosa, mas, no fim, não sustentável. Encontrei alguns livros sobre cirurgia e gostei deles: as palavras eram novas e as ilustrações maravilhosas. Apreciei e memorizei particularmente a operação do cólon.
Então larguei a cirurgia e voltei à grande sala dos escritores de romances e de contos (quando havia suficiente vinho barato para beber eununca ia à biblioteca). Uma biblioteca era um bom lugar para se estar quando você não tinha nada para comer ou beber e a senhoria estava à procura de você e do aluguel atrasado. Na biblioteca, pelo menos, você podia usar os toaletes. Eu via um bom número de outros vagabundos ali, a maioria dormindo sobre os livros. Eu continuava ando voltas na grande sala, tirando livros das estantes, lendo algumas linhas, algumas páginas, e depois os colocando de volta. Então, um dia, puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé por um momento, lendo. Como um homem que encontrara ouro no lixão da cidade, levei o livro para uma mesa. As linhas rolavam facilmente através da página, havia um fluxo. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim. Eu tinha um cartão da biblioteca. Tomei o livro emprestado, levei-o ao meu quarto, subi à minha cama e o li, e sabia, muito antes de terminar, que aqui estava um homem que havia desenvolvido uma maneira peculiar de escrever. O livro era Pergunte ao pó e o autor era John Fante. Ele se tornaria uma influência no meu modo de escrever para a vida toda. Terminei Pergunte ao pó e procurei outros livros de Fante na biblioteca. Encontrei dois: Dago Red e Espere a primavera, Bandini. Eram da mesma ordem, escritos das entranhas e do coração. Sim, Fante causou um importante efeito sobre mim. Não muito depois de ler esses livros, comecei a viver com uma mulher.
Era uma bêbada pior do que eu e tínhamos discussões violentas, e freqüentemente eu berrava para ela: "Não me chame de filho da puta! Eu sou Bandini, Arturo Bandini!" Fante foi meu deus e eu sabia que os deuses deviam ser deixados sem paz, à gente não batia nas suas portas. No entanto, eu gostava de adivinhar onde ele teria morado em Angel's Flight e achava possível que ainda morasse lá. Quase todo dia eu passava por lá e pensava: é esta a janela pela qual Camilla se arrastou? E é aquela a porta do hotel? É aquele o saguão? Nunca fiquei sabendo. Trinta e nove anos depois, reli Pergunte ao pó.Vale dizer, eu o reli neste ano e ele ainda está de pé, como as outras obras de Fante, mas esta é a minha favorita, porque foi minha primeira descoberta da mágica. Existem outros livros além de Dago Red e Espere a primavera, Bandini. São Full of Life e The Brotherhood of the Grape. E, neste momento, Fante tem um romance em andamento, Sonhos de Bunker Hill.
Por meio de outras circunstâncias, finalmente conheci o autor este ano. Existe muito mais na história de John Fante. É uma história de uma terrível sorte e de um terrível destino e de uma rara coragem natural. Algum dia será contada, mas acho que ele não quer que eu a conte aqui.
Mas deixem-me dizer que o jeito de suas palavras e o jeito do seu jeito são o mesmo: forte, bom e caloroso. E basta. Agora este livro é seu.
Charles Bukowski 05/06/1979

Virou filme em 2006, tem Colin Farrell, Salma Hayek e foi produzido por Tom Cruise.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ritual: Whitte Lies

Universal - 2011

01 - Is Love
02 - Strangers
03 - Bigger Than Us
04 - Peace & Quiet
05 - Streetlights
06 - Holy Ghost
07 - Turn The Bells
08 - The Power & The Glory
09 - Bad Love
10 - Come Down

Já que os ingleses do White Lies tocam aqui no Brasil no próximo dia 05 dentro do Festival Planeta Terra 2011, vamos aproveitar e saber o que a banda nos oferece em seu segundo disco, Ritual (2011).

Eles fazem um rock alternativo soturno, com efeitos de sintetizadores e, dizem a más línguas, que o White Lies é a “versão” ou a “resposta” inglesa aos americanos do Interpol, é difícil concordar com isso, mas uma coisa é fato, a principal influencia da banda chama-se Joy Division.
Sim, Harry McVeigh cantor/guitarrista do White Lies também tem voz grave e carregada de melancolia, assim como Ian Curtis (Joy Division). A faixa Is Love traz tudo isso, porém, seu ritmo é um pouco acelerado e com muitos efeitos eletrônicos, ela quase a torna-se uma canção alegre, mas logo na seqüência Strangers joga um balde de água fria nos animadinhos de plantão, aqui a fórmula se repete, mas com maior força melódica. Bigger Than Us é o primeiro single do disco e pode ser considerado o maior hit da banda até aqui, porque tem um refrão pegajoso e o vídeo foi exibido regularmente pela MTV. Turn the Bells é a mais soturna do álbum, trás uma bateria obscura que logo é aliviada pela faixa seguinte, The Power & the Glory, pelo nome os senhores já percebem que se trata de uma música uma pouco mais otimista, e é exatamente assim. De um modo geral é essa a pegada de Ritual, alterna canções regulares e boas, mas sempre com a mesma fórmula, músicas melódicas, voz grave, melancolica, letras poéticas, ou seja, essa é definitivamente para quem gosta de Joy Division.





terça-feira, 4 de outubro de 2011

"A única conclusão é morrer"

Lisboa Revisitada (l923)
Álvaro de Campos

NÃO: Não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

domingo, 25 de setembro de 2011

VERDURADA ESPECIAL - 15 ANOS DE HARDCORE!!!



Nós sabemos que toda Verdurada é especial. Mas algumas são mais especiais do que as outras. É o caso desta edição. Para comemorar nada mais nada menos do que 15 anos desde a primeira edição em 1996, foram convocadas cinco bandas que em épocas diferentes marcaram a história do evento.
Além da reunião exclusiva do I SHOT CYRUS e da volta do CARAHTER aos palcos hardcoreanos de São Paulo, temos GOOD INTENTIONS, BUSSCOPS E STILL STRONG, três das bandas straightedge/hardcore mais atuantes da cidade e todas intimamente ligadas à história da Verdurada.
Juntas as cinco bandas representam todas as gerações que passaram pelo palco do Jabaquara e além. O fato é que esta é uma Verdurada só com “atrações principais”. TODAS as bandas poderiam estar fechando a noite e a ordem abaixo é apenas de idade.
Seguindo a mesma temática, teremos também uma prévia do documentário "Hardcore 90 - Uma História Oral", produzido pelo velho amigo Marcelo Fonseca, que durante todos estes anos esteve conosco à frente de bandas como Constrito, Diáspora, O Cúmplice e L'Enfer.
Ninguém que esteve na Verdurada de 10 anos se esqueceu do épico último show do Point Of No Return. Portanto não perca a oportunidade de fazer história novamente desta vez. E que venham mais quinze!!!

Quando? Domingo – 02/10/2011 – das 16h às 22h
Quanto? R$10
Onde? Rua Nestor Pestana 189, Centro. A uma quadra da Pça Roosevelt, entre a Rua Augusta e a Consolação. Próximo aos metrôs Anhangabaú e República.

E MAIS:

- Jantar VEGetariANO grátis e venda de material independente.- Por favor, sem cigarros e sem álcool.
Contatos com a imprensa: Favor mandar um e-mail para André Mesquita: xdedex@hotmail.com.
Internet: http://www.verdurada.org http://www.myspace.com/verdurada verdurada@riseup.net

BANDAS:

I SHOT CYRUS

Atendendo a pedidos encarecidos, os veteranos do hardcore rápido e maligno decidiram se reunir exclusivamente para a ocasião. Desde o início em 1997, o Cyrus teve na Verdurada seu habitat natural até dar seu último suspiro num show que só pode ser descrito como bárbaro, em 2009. Se você esteve lá, vai querer ver de novo. Se você não esteve, esta será provavelmente a ÚNICA chance de se redimir.
http://www.myspace.com/ishotcyrus

GOOD INTENTIONS

A mais duradoura banda straightedge do Brasil é também uma das mais queridas. Após mais de uma década, continuam gerando stage-dives e singalongs com a mesma intensidade, carisma e mensagem de sempre. Outra banda cuja história se confunde com a da Verdurada, o Good Intentions é responsável por um dos shows mais intensos desta e outras freguezias.
http://www.myspace.com/goodxintentions

CARAHTER

De tempos em tempos a cena hardcore nacional produz uma banda que vai além de qualquer expectativa, clichê ou ritual. Em 2000 e poucos foi o caso dos mineiros do Carahter. Misturando brutalidade e peso inigualáveis, originalidade e raiva, dominavam como poucos o público da Verdurada e pareciam destinados ao olimpo da música extrema. Mas o mundo não estava preparado e o quinteto acabou hibernando durante alguns anos. Assim que decidiram voltar, foram obrigados a tocar de novo conosco sob pena de tortura física e psicológica. Confira as músicas novas e comprove que se trata da melhor banda de metal formada por hardcoreanos no Brasil.
http://www.myspace.com/carahter

BUSSCOPS

Representando o hardcore punk com raizes na Suécia, Inglaterra e Brasil temos o trio mais popular de Pirituba. Com a capacidade única de empolgar desde os mais sinistros apreciadores do crust apocalíptico até os mais positivos amantes do youth crew, o Busscops é um exemplo de como seria o straightedge nacional em 1982 se isso já existisse por aqui naquela época. Pressionem eles para gravarem logo o próximo disco!
http://www.myspace.com/busscops

STILL STRONG

A banda mais nova desta edição não precisou de muito tempo para conquistar os corações e mentes da cena. Misturando o peso do hardcore new school e NYHC da década de 90 com doses extras de velocidade e fúria, o quinteto vegan-sXe paulistano é o mais legítimo herdeiro da tradição straightedge local que bandas como Point Of No Return imortalizaram nos tempos de outrora. Com o já clássico novo álbum “Cornerstone” na manga!
http://www.myspace.com/stillstronghc

Vídeo: prévia do documentário “Hardcore 90 – Uma História Oral”
Idealizado e produzido pelo veterano Marcelo Fonseca, o trabalho busca reunir a memória coletiva da geração por trás da explosão hardcore DIY que atingiu o underground tupiniquim na década de 90. Entrevistando personagens cruciais das diversas tendências surgidas na época, o documentário contextualiza o ambiente que revolucionou o cenário local e gerou iniciativas como a Verdurada.

SOBRE OS INGRESSOS

São Paulo (Capital):Os ingressos estão à venda nos seguintes locais:
Vegan Pride: Rua 24 de Maio, 62 - Loja 424 (Galeria do Rock).
The Records – Rua Barão de Itapetininga, 37, loja 43 - rua alta (Galeria Nova Barão).
Outras Cidades e Estados:Envie um e-mail para verdurada@riseup.net (não faça pedidos através do site da Verdurada, Orkut ou MySpace), informando nome completo, RG, cidade/estado. A retirada do ingresso será no dia do show. Os ingressos não retirados serão vendidos na portaria.

BANQUINHAS

Devido ao fato da Verdurada ter um público em número crescente, somente os selos, coletivos ou pessoas que recebem o e-mail convite diretamente do Coletivo Verdurada podem montar banquinhas no evento. Se você tem interesse em divulgar material faça-você-mesmo mande um e-mail: verdurada@riseup.net
Lembrando que as bandas que tocam no dia têm seu espaço para banquinha garantido.

O QUE MAIS?

1- Por favor, sem álcool, drogas ou cigarro dentro do local do evento.
2- Nada de alimentos que contenham produtos de origem animal.
3- Banquinhas de livros, cds, fanzines e material independente e divergente a preços populares, mesmo!
4- Venda de comida vegetariana, desde hambúrgueres, coxinhas, kibes, até bolos, tortas, bombons.
5- Os shows acabarão antes das onze e meia da noite, para que os espectadores possam se valer do sistema público de transporte.
6- Todo o dinheiro arrecadado com os ingressos será utilizado para pagar as despesas com o evento (transporte das bandas, locação do espaço, divulgação, locação da aparelhagem de som e luz).
7- Após os custos, o dinheiro dos ingressos será utilizada em campanhas públicas de assuntos ligados aos interesses do Coletivo Verdurada, como vegetarianismo ético, práticas de democracia direta, questões políticas e sociais.


Coletivo Verdurada
Verdurada.Org

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um pouco de otimismo

(1898 - 1956)
Se os Tubarões Fossem Homens
Bertold Brecht

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Arctic Monkeys "paga pra ver" em novo álbum

Lançado em junho de 2011 pela Domino Records
She's Thunderstorms
Black Treacle
Brick By Brick
The Hellcat Spangled Shalalala
Don't Sit Down 'cause I've Moved Your Chair
Library Pictures
All My Own Stunts
Reckless Serenade
Piledriver Waltz
Love Is A Laserquest
Suck It And See
That's Where You're Wrong 

Logo de inicio o titulo do disco parece algo ofensivo, “Suck It and See” traduzido ao pé da letra significa “chupa essa”. Justamente por isso a capa do álbum foi censurada nos Estados Unidos, lá o produto chega às lojas com uma tarja em cima da palavra Suck. Alex Turner, cantor e principal letrista da banda, se defende afirmado que na terra da rainha o termo “Suck It and See” significa pague pra ver. Com tarja ou não vamos ao disco:
É praticamente a continuação de Humbug (2009), ou seja, aquele som de garagem, veloz e com bateria agressiva que se escutava nos dois primeiros discos ficaram de lado. Baladas e canções soturnas dão forma ao novo álbum. “Library Pictures” é uma das únicas músicas que tem um pouco do passado do Arctic Monkeys. “All My Own Stunts” representa bem o clima do disco, melódica, de estilo dark e sem a velha pegada roqueira da banda. “Piledriver Waltz” e “Love Is A Laserquest” são belíssimas baladas que lembram “Cornerstone” do Humbug. Já “She's Thunderstorms” mistura o velho e o novo Arctic Monkeys, exatamente por isso que muitos consideram o disco desconexo. Entre os destaques ainda temos a faixa “Suck It and See”, aqui fica nítido que Alex Turner gosta muito das canções do Morrissey.
O quarto trabalho da banda é um ótimo disco que fala basicamente de amor e vale tanto a pena quanto seus antecessores, mas lembre-se do seguinte: O Arctic Monkeys é praticamente outra banda.

Abaixo os dois primeiros singles:




 

sábado, 20 de agosto de 2011

Cerebral Ballzy quer ser Bad Brains



Essa é uma banda do Brooklyn que acaba de lançar seu primeiro disco, mas já é destaque entre as bandas novas, inclusive já tocaram no South by Southwest em têm apresentação marcada para um tal de Reading Festival. Até aqui tudo normal, a diferença é que eles não fazem um som pop eletrônico e indie como a maioria das bandas hype do momento. O negócio do Cerebral Ballzy é Hardcore old schcool americano, ou seja, são influenciados por bandas como Bad Brains, Black Flag, Circle Jerks, Minor Threat. Bom, confira você mesmo. O Altsongs recomenda! O vídeo da música "Junky for Her" é bem estranho. Cinco belas garotas brancas "brincam" na sala quando um entregador de pizza chega e é brutalmente assassinado pelas gatas, em seguinda elas saboreiam a pizza em cima do defunto.






sexta-feira, 8 de julho de 2011

"Se masturbar domingo de manhã pensando na vida"



“Escolha uma vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão grande, máquina de lavar, carros, CD Player, abridor de lata elétrico. Escolha saúde, colesterol baixo, seguro dentário. Escolha prestações fixas para pagar. Escolha uma casa. Ter amigos. Escolha roupas e acessórios. Escolha um terno feito do melhor tecido. Se masturbar domingo de manhã pensando na vida. Sentar no sofá e ficar vendo televisão. Comer um monte de porcarias. Acabar apodrecendo. Escolha uma família e se envergonhar dos filhos egoístas, que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha um futuro. Escolha uma vida.
Por que eu iria querer isto?
Preferi não ter uma vida. Preferi outra coisa. E os motivos. . . Não há motivos. Para que motivo se tem heroína?”
Mark Renton em Trainspotting 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nunca é tarde para conhecer a banda Mogwai

Hardcore Will Never Die, But You Will (2011): Lançado pela Sub Pop e é o
sétimo disco da banda
Cinco da manhã e eu assistindo MTV. De repente vi um vídeo estranho de música instrumental, com guitarras fortes e bem delirantes,  era "Rano Pano" da banda Mogwai. Um som muito bom mesmo, mas who the fuck is Mogwai? Pro meu governo a banda existe desde 1995, é de Glasgow, já tocou no Brasil, e é um dos expoentes do chamado post rock. Pois é, vivendo e aprendendo, as bandas boas nunca vão morrer, mas eu vou. Deixo abaixo dois vídeos de duas músicas que fazem parte do disco mais recente deles (esse aí da foto). Não se engane com o nome do álbum, a banda não suga da simplicidade do hardcore, na verdade o som é bem complexo.Sim, o nome do grupo tem haver como personagem Mogwai do filme Gremlins, aquele que era bonitinho e "do bem".






terça-feira, 5 de julho de 2011

Sonic Youth vem ao Brasil para tocar o álbum Daydream Nation na integra

1988 Geffen Records, produzido por Sonic Youth e Nicholas Sansano
Escolher um disco e fazer uma turnê em cima dele tornou-se algo comum, e parece que o Sonic Youth não quer ficar fora dessa. O Daydream Nation é o melhor álbum da banda segundo a critica, isso seria uma homenagem mais que justa.
Primeiro Thurston Moore afirmou, em entrevista, quem vem ao Chile perto do fim do ano, depois boatos sobre uma negociação com o SWU, agora essa do turnê Daydream Nation. É improvável que uma banda toque um disco de cabo a rabo em um festival grande, neste caso os shows costumam ser mais curtos. Então torçam para que o Sonic Youth se apresente fora do SWU, até por que seria triste vê-los tocando no mesmo festival que Snoop Dog e Black Eyed Peas (Senhor, quem é o curador do SWU?). Bom, são três dias de festival, vamos aguardar. Enquanto isso curta um trecho da ultima vez que estiveram aqui. O Altsongs estava lá e gravou duas músicas que fazem parte do Daydream Nation: The Sprawl e ‘Cross The Breeze com direito a garoa:

Novembro de 2009, Festival Planeta Terra no Playcenter:


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pornô: Um livro de Irvine Welsh

Lançado no Brasil pela editora Rocco em 2005

Trata-se da continuação de Trainspotting (1993). Dez anos depois Sick Boy volta para Edimburgo e decide montar uma produtora de filmes pornográficos, para isso, precisa da ajuda de seus velhos amigos. Pornô é explicito, excitante e às vezes até sarcasticamente bem humorado. Desta vez a narrativa se desenvolve em torno de cinco personagens, cada um com sua linguagem e perspectiva diferentes. São eles:

Sick Boy – Agora com 36 anos ele reforça sua visão empreendedora do mundo. Tem vocabulário acido, é preconceituoso, arrogante e praticamente um aspirador de pó quando o assunto é cocaína. A ideia é causar impacto na indústria pornográfica e levar seu primeiro filme para o festival de Cannes. Sick Boy assina como diretor do longa.

Nikki – É uma belíssima universitária de 25 anos. Tem obsessão em se tornar famosa, mas por enquanto trabalha batendo punhetas para velhos pervertidos em uma “sauna” no turno da noite. A garota é do tipo decidida, tem personalidade forte, é muito inteligente e maconheira. Ao conhecer Sick Boy é convidada para ser a estrela e roteirista do filme.

Mark Reton – Fugiu para Amsterdã onde é dono de uma boate. Lá, reencontra Sick Boy por acaso e recebe um convite para voltar á Edimburgo e ajudar na arrecadação de capital para o filme. Renton aceita, mas com muito receio já que seu inimigo número um está prestes a sair da prisão.

Francis Begbie – É um lunático extremamente violento e paranóico. Ele sai da cadeia em breve e só pensa em duas coisas: Descolar uma boa fóda e matar Mark Renton.Aqui é interessante a linguagem que Irvine Welsh usa, coloquial e cheia de gírias, procurando entrar na mente de um sujeito transtornado.

Spud – Agora frequenta reuniões dos narcóticos anônimos, tem um filho e esta escrevendo um livro sobre a história de seu bairro. Continua inocente e fazendo cagadas. Destaque para o capitulo em que ele e outro personagem fodem uma mulher drogada e suja de merda.

Trechos:
Capítulo 31: ". . . uma nádega decepada. . ."
Nosso apartamento em Tollcross está funcionando como uma fábrica.Baseados de haxixe e xícaras de café são consumidos um atrás do outro. Eu (Nikki) e o Rab estamos trabalhando no roteiro. A Dianne está perto da gente, concentrada nas anotações para sua dissertação e se divertindo com as risadinhas que damos enquanto digitamos lado a lado no processador de texto. Ela espia a tela de vez enquanto, solta rúidos de aprovação e ás vezes dá sugestões valiosas. Mais no canto, a Lauren, que também está fazendo um trabalho de faculdade, fica tentando nos constranger a seguir o exemplo dela e dar atenção aos estudos. Apesar de obviamente intrigada, se recusa a ver nosso roteiro. Eu e Rab ficamos provocando ela, sussurrando coisas como "boquete" e "no cu" e abafando risinhos, enquanto a Lauren fica cada vez mais vermelha e murmura "Fellini" ou "Powell e Pressburger". A Dianne acaba desistindo e recolhe as coisas dela. - Vou embora, não dá pra suportar - diz.
A Lauren nos olha indignada. - Eles estão incomodando você também?
- Não - responde a Dianne, desconsolada - é que cada vez que dou uma espiada fico excitada.Se escutarem um barulho de motor e gemidos vindos do meu quarto, já sabem o que estou fazendo.
A Lauren faz uma cara zangada, mordendo a lábio inferior. Se está incomodando tanto assim, por que ela não vai para o quarto dela? Quando finalmente terminamos o primeiro rascunho de cerca de sessenta páginas e o imprimimos, ela não consegue mais deter a curiosidade e se aproxima. Lê o título e va apertando a botão de descer a página, acumulando incredulidade r aversão à medida que lâ. - Isso é horrível. . . é nojento. . . é obsceno. . . e de um jeito que não é nem engraçado. Não há mérito de qualquer tipo aqui.É lixo! Não acredito que foram capazes de escrever uma imundície tão degradante e abusiva. . . - borbulha. - E você planeja praticar isso tudo com pessoas, com desconhecidos, vai deixar que façam essas coisas com você!
Me sinto quase na obrigação de dizer farei tudo exeto anal, mas e vez disso reajo com soberba, respondendo com uma citação que havia memorizado para uma ocasião dessas.- Adoraria saber o que é pior: ser violentada por uma centena de vezes por piratas, ter uma nádega decepada, ser linchada por búlgaros, chicoteada e enforcada em uma auto-da-fé, dissecada, acorrentada ao remo de uma galera; em suma, sofrer todos os suplícios pelos quais passamos - olho para o Rab, que diz em coro comigo -  ou ficar aqui sem fazer nada?
A Lauren sacode a cabeça. - Que besteira é essa agora?
O Rab se mete. - Isso é Voltaire, do Cândido -  explica.- Me surpreende que não saiba disso, Lauren - diz para nossa garota, que treme nervosa e acende um cigarro. - O que foi que o Cândido respondeu? - O Rab aponta o dedo para mim e declaramos juntos: - Essa é uma ótima pergunta!

Capítulo 76: Putas de Amsterdã, parte 11
Então escuto uma voz conhecida que me racha ao meio.Com uma força de vontade lancinante, olho para o outro lado da rua em sua direção.
Begbie.
Gritando no celular.
Então ele me enxerga e fica parado, com a boca aberta, bem em frente ao Central Bar. Está paralisado pelo choque. Nós dois estamos.
Então ele fecha bruscamente o telefone e ruge:
RENNTOOON ! ! !
Meu sangue gela.Tudo qe consigo enxergar é Frank Begbie atravessando a rua bem correndo bem na minha direção, com o rosto contorcido de raiva. É como se ele fosse passar reto por mim e acabar com a raça de algum outro coitado, porque ele não me conhece mais, não tenho mai nada haver com ele.Mas sei que é a mim que ele quer, e a coisa vai ser bem feia. Eu devia sair correndo, mas não consigo. Naqueles poucos segundos, minha vida se estilhaçou em milhões de pensamentos. Percebo como e inútil a ridícula a minha pretensa habilidade com artes marciais.Todos aqueles treinos e aquela prática não vão fazer diferença alguma, a expressão no rosto dele põe tudo isso por água abaixo.Não consigo abstrair nada, porque uma antiga ladainhs da minha infâcia se repete sem cessar no interior da minha cabeça: Begbie = Maldade = Medo. Minha capacidade de ação está totalmente paralisada. Aquelas partes de mim antecipam a simples adoção da postura wado ryu, bloqueando seu golpe, enterrando seu nariiz pra dentro de seu célebro com a palma da minha mão uo me desviando de sua investida e aplicando um cotovelaço em sua têmpora, sim, elas ainda estão presentes.Mas são impulsos débeis, facilmente soterrados pelo medo massacrante de não ser páreo pra ele.
Begbie está vindo bem para cima de mim e não posso fazer nada e esse respeito.
Não posso gritar.
Não posso implorar.
Não há nada que eu possa fazer.


Irvine Welsh

Se não quer, por que exibe as graças em vez de esconder?

O VAMPIRO DE CURITIBA
Dalton Trevisan
Ai, me dá vontade até de morrer. Veja, a boquinha dela está pedindo beijo – beijo de virgem é mordida de bicho cabeludo.Você grita vinte e quatro horas e desmaia feliz. É uma que molha o lábio com a ponta da língua para ficar mais excitante. Por que Deus fez da mulher o suspiro do moço e o sumidouro do velho? Não é justo para um pecador como eu. Ai, eu morro só de olhar para ela, imagine então se. Não imagine, arara bêbada. São onze da manhã, não sobrevivo até à noite. Se fosse me chegando, quem não quer nada.– ai, querida, é uma folha seca ao vento – e encostasse bem devagar na safadinha. Acho que morria: fecho os olhos e me derreto de gozo. Não quero do mundo mais que duas ou três só para mim. Aqui diante dela, pode que se encante com o meu bigodinho. Desgraçada! Fez que não me enxergou: eis uma borboleta acima de minha cabecinha doida. Olha através de mim e lê o cartaz de cinema no muro. Sou eu nuvem ou folha seca ao vento? Maldita feiticeira, queimála viva, em fogo lento. Piedade não tem no coração negro de ameixa.Não sabe o que é gemer de amor. Bom seria pendurála cabeça para baixo, esvaída em sangue.Se não quer, por que exibe as graças em vez de esconder? Hei de chupar a carótida de uma por uma.Até lá enxugo os meus conhaques. Por causa de uma cadelinha como essa que aí vai rebolandose inteira.Quieto no meu canto, ela que começou. Ninguém diga sou taradinho. No fundo de cada filho de família dorme um vampiro – não sinta gosto de sangue. Eunuco, ai quem me dera. Castrado aos cinco anos. Morda a língua, desgraçado. Um anjo pode dizer amém! Muito sofredor ver moça bonita – e são tantas. Perdoe a indiscrição, querida, deixa o recheio do sonho para as formigas? Ó, você permite, minha flor? Só um pouquinho, um beijinho só. Mais um, só mais um. Outro mais. Não vai doer, se doer eu caia duro a seus pés.Por Deus do céu não lhe faço mal – nome de guerra é Nelsinho, o Delicado.Olhos velados que suplica e fogem ao surpreender no óculo o lampejo do crime? Com elas usar de agradinho e doçura. Ser gentilíssimo. A impaciência é que me perde, a quantas afugentei com gesto precipitado? Culpa minha não é. Elas fizeram o que sou – oco de pau podre, onde floresce aranha, cobra, escorpião. Sempre se enfeitando, se pintando, se adorando no espelhinho da bolsa. Se não é para deixar assanhado um pobre cristão por que é então? Olhe as filhas da cidade, como elas crescem: não trabalham nem fiam, bem que estão gordinhas. Essa é uma das lascivas que gostam de se coçar. Ouça o risco da unha na meia de seda. Que me arranhasse o corpo inteiro, vertendo sangue do peito. Aqui jaz Nelsinho, o que se finou de ataque. Gênio do espelho, existe em Curitiba alguém mais aflito que eu? Não olhe, infeliz! Não olhe que você está perdido. É das tais que se divertem a seduzir o adolescente.Toda de preto, meia preta, upa lá lá. Órfã ou viúva? Marido enterrado, o véu esconde as espinhas que, noite para o dia, irrompem no rosto – o sarampo da viuvez em flor. Furiosa, recolhe o leiteiro e o padeiro. Muita noite revolvese na cama de casal, abanase com leque recendendo a valeriana. Outra, com a roupa da cozinheira, à caça de soldado pela rua. Ela está de preto, a quarentena do nojo. Repare na saia curta, distraise a repuxála no joelho. Ah, o joelho... Redondinho de curva mais doce que o pêssego maduro. Ai, ser a liga roxa que aperta a coxa fosforescente de brancura. Ai, o sapato que machuca o pé. E, sapato, ser esmagado pela dona do pezinho e morrer gemendo. Como um gato! Veja, parou um carro. Ela vai descer. Colocar-me em posição. Ai, querida, não faça isso: eu vi tudo.Disfarce, vem o marido, raça de cornudo. Atrai o pobre rapaz que se deite com a mulher. Contentase em espiar ao lado da cama – acho que ficaria inibido. No fundo, herói de bons sentimentos. Aquele tipo do bar, aconteceu com ele. Esse aí um dos tais? Puxa, que olhar feroz. Alguns preferem é o rapaz, seria capaz de? Deus me livre, beijar outro homem, ainda mais de bigode e catinga de cigarro? Na pontinha da língua a mulher filtra o mel que embebeda o colibri e enraivece o vampiro.Cedo a casadinha vai às compras. Ah, pintada de ouro, vestida de pluma, pena e arminho – rasgando com os dentes, deixála com os cabelos do corpo. Ó bracinho nu e rechonchudo – se não quer por que mostra em vez de esconder: –, Com uma agulha desenho tatuagem obscena. Tem piedade, Senhor, são tantas, eu tão sozinho.Ali vai uma normalista. Uma das tais disfarçada? Se eu desse com o famoso bordel. Todas de azul e branco – ó mãe do céu! – desfilando com meia preta e liga roxa no salão de espelhos. Não faça isso, querida, entro em levitação: a força dos vinte anos. Olhe, suspenso nove centímetros do chão, desferia vôo não fora o lastro da pombinha do amor. Meu Deus, fique velho depressa. Feche o olho, conte um, dois, três e, ao abrilo, ancião de barba branca. Não se iluda, arara bêbada. Nem o patriarca merece confiança, logo mais com a ducha fria, a cantárida, o anel mágico – conheci cada pai de família! Atropelado por um carro, se a polícia achasse no bolso esta coleção de retratos? Linchado como tarado, a vergonha da cidade. Meu padrinho nunca perdoaria: o menino que marcava com miolo de pão a trilha na floresta. Ora uma foto na revista do dentista. Ora na carta a uma viuvinha de sétimo dia. Imagine o susto, a vergonha fingida, as horas de delírio na alcova – à palavra alcova um nó na garganta.Toda família tem uma virgem abrasada no quarto. Não me engana, a safadinha: banho de assento, três ladainhas e vai para a janela, olho arregalado no primeiro varão. Lá envelhece, cotovelo na almofada, a solteirona na sua tina de formol.Por que a mão no bolso, querida? Mão cabeluda do lobisomem. Não olhe agora. Cara feia, está perdido.Tarde demais, já vi a loira: milharal ondulante ao peso das espigas maduras. Oxigenada, a sobrancelha preta – como não roer unha? Por ti serei maior que o motociclista do Globo da Morte. Deixa estar, quer bonitão de bigodinho. Ora, bigodinho eu tenho. Não sou bonito, mas sou simpático, isso não vale nada? Uma vergonha na minha idade. Lá vou eu atrás dela, quando menino era a bandinha do Tiro rio Branco.Desdenhosa, o passo resoluto espirra faísca das pedras. A própria égua de Átila – onde pisa, a grama já não cresce. No braço não sente a baba do meu olho? Se existe força do pensamento, na nuca os sete beijos da paixão.Vai longe. Não cheirou na rosa a cinza do coração de andorinha. A loira, tonta, abandonase na mesma hora. Ó morcego, ó andorinha, ó mosca! Mãe do céu, até as moscas instrumento do prazer – de quantas arranquei as asas? Brado aos céus: como não ter espinha na cara? Eu vos desprezo, virgens cruéis. A todas poderia desfrutar – nem uma baixou sobre mim o olho estrábico de luxúria. Ah, eu bode imundo e chifrudo, rastejariam e beijavam a cola peluda. Tão bom, só posso morrer.Calma, rapaz: admirando as pirâmides marchadoras de Quéops, Quéfren e Miquerinos, quem se importa com o sangue dos escravos? Me acuda, ó Deus. Não a vergonha, Senhor, chorar no meio da rua. Pobre rapaz na danação dos vinte anos. Carregar vidro de sanguessugas e, na hora do perigo, pregálas na nuca? Se o cego não vê a fumaça e não fuma, ó Deus, enterrame no olho a tua agulha de fogo. Não mais cão sarnento atormentado pelas pulgas, que dá voltas para morder o rabo. Em despedida – ó curvas, ó delícias – concedeme a mulherinha que aí vai. Em troca da última fêmea pulo no braseiro – os pés em carne viva. Ai, vontade de morrer até. A boquinha dela pedindo beijo – beijo de virgem é mordida de bichocabeludo.Você grita vinte quatro horas e desmaia feliz.


Uma das raras imagens do escritor curitibano


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Isolamento é uma dádiva

Nem Tente
Charles Bukowski

"Se você for tentar, tente de verdade. Caso contrário nem comece. Isso pode significar perder namoradas, esposas, parentes e empregos. E talvez a sua cabeça. Isso pode significar não comer nada por três ou quatro dias. Isso pode significar congelar num banco de praça. Isso pode significar gozação. Isso pode significar escárnio isolamento. Isolamento é uma dádiva. Todo o resto é teste de sua resistência. De quanto você realmente quer fazer isso, enfrentando rejeições das piores espécies. E isso será melhor do que qualquer coisa que você já imaginou. Se você for tentar, tente de verdade. Não há outro sentimento melhor que isso. Você estará sozinho com os deuses. E as noites vão arder em chamas. Você levará sua vida direto para a risada perfeita. E esta é a única boa briga que existe.”




A música e meus 20 anos

Vídeo acadêmico dos alunos de Jornalismo da Universidade de Sorocaba. Quatro entrevistados contam suas experiências com a música e mostram quais foram as suas influências.
Continua. . .

terça-feira, 10 de maio de 2011

Release: Verdurada de Junho


Por Coletivo Verdurada

O inverno está chegando e com ele vem a segunda Verdurada do ano, com a promessa de unir como nunca os pioneiros do hardcore brasileiro à jovem guarda da cena.

Representando a ala dos veteranos, temos a honra de apresentar a dobradinha oitentista Cólera e Periferia S.A., relançando o clássico split LP "Cólera x Ratos de Porão Ao Vivo", num verdadeiro remake do show de 1985 que deu origem ao disco.
A ala jovem, por sua vez, contará com os baluartes do hardcore old school paulistano, Positive Youth e duas das bandas mais comentadas dos tempos recentes, Ralph Macchio e Pushmongos.
A palestra/debate também terá um tema que não poderia ser mais atual: o ativista e engenheiro Lúcio Gregori, 74, vai nos falar um pouco sobre as recentes mobilizações acontecidas em São Paulo contra o aumento abusivo das passagens de ônibus.

Quando: Domingo – 05/06/2011 – das 16h às 22h
Quanto: R$10
Onde: Rua Nestor Pestana, 189 - Centro (A uma quadra da Praça Roosevelt – entre Rua Augusta e Rua da Consolação – 5 minutos a pé dos metrôs República e Anhangabaú)
- Jantar VEGetariANO grátis e venda de material independente.
- Por favor, sem cigarros e sem álcool.

Contatos com a imprensa:
Favor mandar um e-mail para André Mesquita: xdedex@hotmail.com

BANDAS

Cólera - Escute aqui!
Qualquer apreciador de hardcore/punk nacional que se preze entende a importância do trio formado em 1979. Além de estarem no centro de praticamente tudo o que ocorreu na explosão do punk paulistano de 1982/83, o Cólera foi um precursor do que veio a ser a cena hardcore faça-você-mesmo das décadas seguintes. A postura decididamente independente, a preocupação ambiental, a atitude positiva e a oposição à violência que a banda sempre defendeu plantaram as sementes do que estamos todos colhendo agora. Se a primeira apresentação deles na Verdurada alguns anos atrás entrou para a história como uma das edições mais cheias e agitadas, este repeteco relançando o LP de 1985 certamente não deixará por menos. Preparem-se!

Periferia S.A. - Escute aqui!
Já que o outro lado do disco tinha o Ratos de Porão, na versão trio com o guitarrista Jão nos vocais, ninguém melhor para compartilhar o palco com o Cólera do que o Periferia S.A., banda formada exatamente como uma continuação da formação original do Ratos, considerada pelos experts como a pedra fundamental do hardcore latino-americano. Feche os olhos e se teletransporte para o teatro Lira Paulistana em Março de 1985!

Positive Youth - Escute aqui!
Marcando presença mais uma vez na Verdurada vem a banda da Zona Leste, conhecida por seu trabalho duro e incessante pela cena hardcore de São Paulo. Além de armar shows em tudo que é lugar e manter vivo o espírito do straightedge e do faça-você-mesmo, o Positive Youth é notório pelo carisma e intensidade dos shows. Dedos em riste, X na mão e stage dives ao som do youth-crew clássico e fiel.

Ralph Macchio - Escute aqui!
Formado por membros de bandas de ponta do hardcore paulista recente, como Vendetta, Larusso e Live For This, o Ralph Macchio se tornou recentemente um dos nomes mais comentados da cena com o EP virtual “Born To Lose”, marcado por uma sonoridade cada vez mais própria, misturando hardcore novaiorquino da velha guarda com elementos modernos, comparável aos primeiros trabalhos de bandas como Justice e Mental. Uma das raras bandas capazes de agradar o povo youth crew, mosheiros, oitentistas e todos os hardcoreanos de bom gosto.

Pushmongos - Escute aqui!
Abrindo essa Verdurada vem a banda que tem liderado a nova safra do skate punk de SP. Com os shows mais divertidos deste lado de L.A. e influências de bandas clássicas dos primeiros dias do hardcore, como Big Boys, Angry Samoans e Adolescents, e o diferencial do vocal feminino que tem sido comparado ao falecido Darby Crash o Pushmongos tem tudo para se tornar o Germs brasileiro (descontando é claro a parte trágica da história).

Palestra/Debate: O movimento Passe Livre em São Paulo

Desde o início do ano, quando a tarifa de ônibus em São Paulo subiu para 3 reais, o Movimento Passe Livre vem agitando diversas manifestações pela cidade com o intuito de reverter o aumento e repensar o modelo do sistema de transporte. Para conversar sobre o movimento, as táticas e objetivos, convidamos Lúcio Gregori, 74, engenheiro, ex-secretário de transportes da cidade de São Paulo e idealizador do Projeto Tarifa Zero.

SOBRE OS INGRESSOS

São Paulo (Capital):
Os ingressos estão à venda nos seguintes locais:
Vegan Pride: Rua 24 de Maio, 62 - Loja 446 (Galeria do Rock).
The Records: Rua Barão de Itapetininga, 37 - Loja 43 - Rua Alta (Galeria Nova Barão).

Outras Cidades e Estados:
Envie um e-mail para verdurada@riseup.net (não faça pedidos através do site da Verdurada, Orkut, Facebook ou MySpace), informando nome completo, RG, cidade/estado. A retirada do ingresso será no dia do show. Os ingressos não retirados serão vendidos na portaria.

BANQUINHAS

Devido ao fato da Verdurada ter um público em número crescente, somente os selos, coletivos ou pessoas que recebem o e-mail convite diretamente do Coletivo Verdurada podem montar banquinhas no evento. Se você tem interesse em divulgar material faça-você-mesmo mande um e-mail: verdurada@riseup.net

Lembrando que as bandas que tocam no dia têm seu espaço para banquinha garantido.

O QUE MAIS?

1- Por favor, sem álcool, drogas ou cigarro dentro do local do evento.
2- Nada de alimentos que contenham produtos de origem animal.
3- Banquinhas de livros, cds, fanzines e material independente e divergente a preços populares, mesmo!
4- Venda de comida vegetariana, desde hambúrgueres, coxinhas, kibes, até bolos, tortas, bombons.
5- Os shows acabarão antes das onze e meia da noite, para que os espectadores possam se valer do sistema público de transporte.
6- Todo o dinheiro arrecadado com os ingressos será utilizado para pagar as despesas com o evento (transporte das bandas, locação do espaço, divulgação, locação da aparelhagem de som e luz).
7- Uma parte do dinheiro dos ingressos será utilizada em campanhas públicas de assuntos ligados aos interesses do Coletivo Verdurada, como vegetarianismo ético, práticas de democracia direta, questões políticas e sociais.


O QUE É A VERDURADA?

O Coletivo Verdurada é o responsável pela organização do evento realizado em São Paulo desde 1996. Ele consiste na apresentação de banda (especialmente de hardcore, mas o palco é aberto a outros gêneros) e palestras sobre assuntos políticos, além de oficinas, debates, exposição de vídeos e de arte de conteúdo político e divergente. No final é distribuído um jantar totalmente vegetariano.
Este é o mais antigo e talvez o mais importante evento do calendário faça-você-mesmo brasileiro. Isso quer dizer que a organização é totalmente feita pela própria comunidade hardcore-punk-straightedge de São Paulo, que se encarrega tanto do contato com as bandas e palestrantes, quanto da locação do espaço, contratação das equipes de som e divulgação. Tudo sem fins lucrativos ou patrocínios de empresas. A renda é destinada a cobrir os custos e colaborar com atividades e iniciativas realizadas, ou apoiadas pelo coletivo.
Os objetivos de quem organiza a Verdurada são basicamente dois: mostrar que se pode fazer com sucesso eventos sem o patrocínio de grandes empresas e sem divulgação paga na mídia e levar até o público a música feita pela juventude e as idéias e opiniões de pensadores e ativistas divergentes.


Coletivo Verdurada

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Angles: Não é o que você esperava do The Strokes


Antes do lançamento de Angles alguns palpiteiros disseram que o disco estava ficando parecido com Is This It (2001), e é claro que não foi nada disso.O quarto trabalho da banda é razoável e causou surpresa em quem estava esperando que o The Strokes copiasse a si mesmo.O primeiro single, Under Cover of Darkness, é a excessão do disco por ser a única música que se encaixaria perfeitamente nos trabalhos anteriores da banda.Já Machu Picchu, uma das melhores faixas, traz um pouco de reggae ajudando Angles a não se tornar chato.Quem também não deixa a peteca cair são as musicas You're so Right e Taken for a Fool, mas na sequencia temos Call Me Back que é um pouco brochante e até lembra o tal  Little Joy (banda do Fab Moretti com Rodrigo Amarante).As canções Games, Gratisfaction e Life Is Simple in the Moonlight são influências claras da carreira solo de Julian Casablancas, ou seja, referências oitentistas na veia.Isso parece enfraquecer um pouco o disco, mas ao mesmo tempo o faz original.
Apesar de tudo Angles deve agradar, já que se trata do The Strokes que acumulou uma base sólida de fãs durante estes dez anos de carreira, e outra coisa, fã de Strokes não costuma ser muito ortodoxo.

No dia 05 de novembro estaremos em São Paulo conferindo a apresentação da banda dentro do Planeta Terra Festival 2011, até lá!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

15° Cultura Inglesa Festival traz Gang Of Four, Blood Red Shoes e Miles Kane

Gang Of Four (foto:Divulagação)
O evento será entre os dias 27 de maio e 12 de junho, reunindo atrações dos mais variados setores  em diversos pontos da capital paulista.Um desses locais é a praça da Independência onde tocam as bandas Gang Of Four, Blood Red Shoes, o cantor  Miles Kane, entre outros.Quando? No dia 29 de maio.Entrada free. 



O Gang of Four é de Leeds e está aí desde 1977.


 

Formado em 2004 o Blood Red Shoes veio de Brighton e tem na formação Laura-Mary Carter (guitarra/voz) e Steven Ansell ( bateria/voz).





Miles Kane é o cara que toca no  Last Shadow Puppets junto com Alex Turner (Arctic Monkeys), sua carreira solo também é muito interessante, vale a pena conferir o show do musico que é de Sheffield.
Confira aqui mais informações e a programação completa do festival.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

What Did You Expect From the Vaccines?



A palavra hype é pinto perto do que falou-se sobre o disco de estreia do The Vaccines.Depois de elogios rasgados da imprensa e grande expectativa, o albúm é lançado com um nome pertinente: What Did You Expect From the Vaccines? (O que você esperava do The Vaccines?).Vamos deixar os exageiros de lado e saber o que é que o The Vaccines tem.

É um disco rápido de faixas curtas ao estilo punk inglês, dá para perceber isso logo de cara com "Wreckin' bar (ra ra ra)", essa música já era famosa antes do cd ser lançado.Depois temos "If You Wanna", que é primeiro single do disco, ela mantém a mesma pegada e diz: "Se você quiser voltar, está tudo bem".Garotas e desilusões amorosas são temas recorrentes nas letras.
As músicas "A Lack Of Understanding", "Wetsuit" e  "Post Break Up Sex", trazem um clima de angústia e melancolia mas não são depressivas."Blow It Up", uma das melhores faixas, usa a vélha tática de repetir o nome da música dezenas de vezes em melodia grudenta.
Respondendo a pergunta: O Vaccines é exatamente o que esperávamos, uma banda boa de futuro promissor.Começaram muito bem com um bom disco.Em um alguns anos vão se juntar a bandas como Arctic Monkeys e The Strokes.
Nos resta ve-lôs ao vivo, e isso rola no dia 05 de novembro no Planeta Terra Festival 2011, em São Paulo.Até lá. . .

 01.Wreckin' bar (ra ra ra)
02.If You Wanna
03.A Lack Of Understanding
04.Blow It Up
05.Wetsuit
06.Norgaard
07.Post Break Up Sex
08.Under Your Thumb
09.All in White
10.Wolf pack
11.Family Friend





 www.myspace.com/thevaccines

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livro "Mate-me, Por Favor": Uma subversão dos costumes e ao mesmo tempo divertido e jovem




Lou Reed, jovem e ativo, em um sombrio e decadente bar onde frascos de vaselina envergam as prateleiras e os freqüentadores (homens, apenas) se encontram em uma peça contígua, aos fundos, em sessões regulares de sexo?

Iggy Pop, chapado após cheirar carreiras intermináveis de calmante para elefantes, sendo içado acima da cabeça por um Elton John (sim, Elton John) fantasiado de gorila (sim, fantasiado de gorila) em uma casa de shows em Atlanta, no palco que viria a ser um dos últimos em que os Stooges subiria?

Joey Ramone, após sair do hospício e ser expulso de casa, no chão do ateliê que sua mãe mantinha, dormindo em uma espécie de biombo improvisado com pinturas, refugiando-se de policiais que, “à procura de algo”, constantemente direcionavam o facho de luz de suas lanternas através dos vidros, vistoriando o lugar?

Não, não é pura invenção de quem vos escreve, ninguém teria tamanha imaginação.

Essas e outras tantas histórias compõem “Mate-me, Por favor – uma história sem censura do Punk”( editora L&PM, quatrocentos e poucas páginas), de Legs McNeil e Gillian McCain, livro feito de narrações e depoimentos reveladores, impactantes, bem-humorados daqueles que fizeram o rock como ele é: uma cusparada nas aparências, uma provocação ao status quo, uma subversão dos costumes e ao mesmo tempo algo divertido e jovem.

Ao contrário dos documentários encomendados por gravadoras e compostos para fazer crescer ainda mais o mito e aumentar as vendas, “Mate-me, Por favor” nos revela fragilidades, inadequações e dilemas inconfessáveis dos astros de sempre do rock, e talvez esteja aí um de seus valores: a desmitificação.

A iconoclastia e o hedonismo de Jim Morrisson são expostos e comentados por quem conviveu com ele, o brilhantismo selvagem e infantil de Iggy que se contrapunha à uma espécie de auto-imolação física e psicológica do vocalista, a melancolia natural de uma Nico pouco talentosa, pupila de Warhol, o freak esquizofrênico caça-talentos, a arrogância do intratável Lou Reed os tiram de vez do pedestal, colocando-os no asfalto quente e musical americano do final dos anos 60 e inicio dos anos 70.

Outro mérito do livro é o de nos levar direto ao cenário efervescente onde tudo de fato surgiu e aconteceu: às esquinas nova-iorquinas onde michês circulavam (Dee Dee Ramone entre eles), a Factory de Warhol, os prédios com escadas que ameaçavam desmoronar em que traficantes forneciam drogas 24 horas aos músicos das bandas, os pubs ingleses e o fatal encontro entre Sid Vicious e Nancy Spungdeon, os saguões de hotéis em que groupies profissionais (incrivelmente adolescentes e loucas) com meias arrastão e canivetes nas bolsas disputavam a atenção dos insinuantes e glitterados New York Dolls e outros “10 mais das paradas de sucesso” para levá-los para cama e garantirem drogas e seus lugares na história.

Aliás, o livro inteiro é permeado por drogas pesadas, trepadas indiscriminadas (uma inclusive acompanhada pelo voyuer David Bowie, que assistia entusiasmado, pelo buraco da fechadura, sua esposa ser traçada por seu segurança),incursões pelas penitenciárias e insultos.

Destaque especial para a ascensão do até então às moscas CBGB’s, creditada à astuta e sempre recitante poeta e cantora Patti Smith, que junto com o Television levantou o lugar que mais tarde receberia a primeira descarga da turbina devastadora chamada RAMONES e se tornaria conhecida mundialmente.

O livro traz o início de Patti Smith, dos Stooges,do MC5, dos Ramones, Sex Pistols, New Order e tantas almas e cabeças deliciosamente fodidas.

Enfim, comprado, pego emprestado, roubado: “Mate-me, Por Favor- Uma História Sem Censura do Punk ” valerá cada centavo, cada constragimento inútil, cada dia na DP (mas não seja pego!).