Sony Pictures (2006) - Ideal Records (2011) |
O filme é de 2006 e virou dvd em 2007, mas somente em novembro deste ano chega ao Brasil com legendas em português. American Hardcore, do diretor Paul Rachman, é inspirado no livro American Hardcore: A Tribal History de Steven Blush. A idéia é retratar nascimento do Hardcore (1980) até a data que é considerada pelo senso comum como o inicio do fim para o Hardcore americano (1986). Steven Blush entrevista vários participantes da cena americana, entre eles músicos, produtores, fãs e jornalistas. Keith Morris e Greg Hetson (Circle Jerks), Ian Mackaye e Brian Baker (Minor Threat), Henry Rollins e Greg Ginn (Black Flag), H.R e Dr. Know (Bad Brains) são alguns exemplos.
O documentário tem como protagonistas as quatro bandas citadas anteriormente, mas atinge excelente abrangência ao falar de bandas como DYS, SSD, Cro-Mags, 7 Seconds, Agnostc Front, D.R.I., Void, Scream, The Adolescents, MDC e Gang Green vindas de vários cantos dos Estados Unidos e até mesmo do Canadá.
A contextualização com o momento político e social do país é o roteiro do filme. Jovens enfurecidos, frustrados e cansados de toda a assepsia e falsidade que anestesiava a sociedade americana, resolveram descarregar todo esse ódio através da música. Nos anos 80 o foco principal dessa raiva chama-se presidente Ronald Reagan.
Além do panorama que o filme dá sobre a cena, é interessante observar momentos que podem passar desapercebidos e que ajudam no entendimento do hardcore americano como, por exemplo, o trecho em que falam sobre as subdivisões do estilo. Há bandas que preferem sair por aí e foder tudo, outras focam no faça você mesmo, algumas falam sobre drogas, outras são contra. Há letras que falam de política, de emoção, e algumas não dizem nada. E obviamente que a violência entre esses grupos existia. A participação feminina dentro na cena também quase passa batida no filme, mas isso tem uma explicação, realmente as moças participavam muito pouco. O filme só cita uma garota como integrante de banda, Kira Roessler, baixista do Black Flag que saiu pouco tempo depois por considerar a banda machista.
American Hardcore é um ótimo filme para aqueles que conhecem o estilo de maneira superficial e desejam saber mais sobre a “raiva musicada” que através de acordes rápidos, agressividade, berros, cotoveladas, sangue e revolta jogou merda no ventilador justamente quando a “América dos Sonhos” se desenhava.
“Eu trabalho de segunda à sexta. E chega sexta à noite eu só quero me desligar. Eu odeio meu chefe, odeio as pessoas que trabalham comigo, odeio meus pais, odeio todas estas figuras autoritárias, odeio políticos, odeio governantes, odeio a polícia. Você sabe, todo mundo aponta o dedo na minha cara. Todo mundo fica me enchendo. Todo mundo fica me zuando.E agora eu tenho a chance de estar com pessoas como eu e eu tenho a chance de me desligar. Era basicamente isso. BOOOOOOOMMMMM.”
Keith Morris (Circle Jerks/Black Flag)
“Então todo país estava entrando na fantasia pueril dos anos 50 onde eles vestiam estes suéteres e éramos somente mentiras. Vá se foder. Não com agente. Você sabe, você pode pegar e enfiar pelo seu rabo”
Vic Bond (Articles of Faith)
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