Da esquerda: Fiona Campbell (bateria), Cassie Ramone (voz/guitarra) e Katy Goodman (baixo)
2011 - Polyvinyl Records
As meninas ganharam destaque pela primeira vez ao tocar no SWSX 2009, ou seja, dois anos depois de iniciarem a banda. “Share the Joy” é o terceiro trabalho das garotas que ainda não atraíram tanto os holofotes, mas se destacam dentro da cena underground de Nova York. O som do grupo se define como punk rock, indie, noise pop, lo-fi ou qualquer outro nome que o leitor queira dar. De fato as Vivian Girls são claramente influenciadas por Ramones e Pavement.
O disco nos mostra a voz amargurada de Cassie Ramone com efeito de eco e cantando melodias pop, já a guitarra é bastante alta e distorcida e ganha o complemento de uma bateria humildemente punk. Logo de cara temos uma das melhores faixas do álbum, “The Other Girls”, que tem melodia mais tranqüila bem ao estilo lo-fi. “Dance (if You Wanna)” é bem pop, Cassie ganha uma ajuda nos vocais acompanhada por uma bateria quase militar como a do Joy Division. Em “Lake House” e “Trying to Pretend” temos um pouco da velocidade punk, o que acontece com mais freqüência no primeiro disco das belas moças.
Está aí um disco agradável que a principio pode parecer muito pop, mas não foge das raízes garageiras da banda. O álbum é do tipo contemplativo que tem poucas canções dançantes, letras simples e uma doçura que atrai ouvidos mais atentos.
O filme é de 2006 e virou dvd em 2007, mas somente em novembro deste ano chega ao Brasil com legendas em português. American Hardcore, do diretor Paul Rachman, é inspirado no livro American Hardcore: A Tribal History de Steven Blush. A idéia é retratar nascimento do Hardcore (1980) até a data que é considerada pelo senso comum como o inicio do fim para o Hardcore americano (1986). Steven Blush entrevista vários participantes da cena americana, entre eles músicos, produtores, fãs e jornalistas. Keith Morris e Greg Hetson (Circle Jerks), Ian Mackaye e Brian Baker (Minor Threat), Henry Rollins e Greg Ginn (Black Flag), H.R e Dr. Know (Bad Brains) são alguns exemplos.
O documentário tem como protagonistas as quatro bandas citadas anteriormente, mas atinge excelente abrangência ao falar de bandas como DYS, SSD, Cro-Mags, 7 Seconds, Agnostc Front, D.R.I., Void, Scream, The Adolescents, MDC e Gang Green vindas de vários cantos dos Estados Unidos e até mesmo do Canadá.
A contextualização com o momento político e social do país é o roteiro do filme. Jovens enfurecidos, frustrados e cansados de toda a assepsia e falsidade que anestesiava a sociedade americana, resolveram descarregar todo esse ódio através da música. Nos anos 80 o foco principal dessa raiva chama-se presidente Ronald Reagan.
Além do panorama que o filme dá sobre a cena, é interessante observar momentos que podem passar desapercebidos e que ajudam no entendimento do hardcore americano como, por exemplo, o trecho em que falam sobre as subdivisões do estilo. Há bandas que preferem sair por aí e foder tudo, outras focam no faça você mesmo, algumas falam sobre drogas, outras são contra. Há letras que falam de política, de emoção, e algumas não dizem nada. E obviamente que a violência entre esses grupos existia. A participação feminina dentro na cena também quase passa batida no filme, mas isso tem uma explicação, realmente as moças participavam muito pouco. O filme só cita uma garota como integrante de banda, Kira Roessler, baixista do Black Flag que saiu pouco tempo depois por considerar a banda machista.
American Hardcore é um ótimo filme para aqueles que conhecem o estilo de maneira superficial e desejam saber mais sobre a “raiva musicada” que através de acordes rápidos, agressividade, berros, cotoveladas, sangue e revolta jogou merda no ventilador justamente quando a “América dos Sonhos” se desenhava.
“Eu trabalho de segunda à sexta. E chega sexta à noite eu só quero me desligar. Eu odeio meu chefe, odeio as pessoas que trabalham comigo, odeio meus pais, odeio todas estas figuras autoritárias, odeio políticos, odeio governantes, odeio a polícia. Você sabe, todo mundo aponta o dedo na minha cara. Todo mundo fica me enchendo. Todo mundo fica me zuando.E agora eu tenho a chance de estar com pessoas como eu e eu tenho a chance de me desligar. Era basicamente isso. BOOOOOOOMMMMM.”
Keith Morris (Circle Jerks/Black Flag)
“Então todo país estava entrando na fantasia pueril dos anos 50 onde eles vestiam estes suéteres e éramos somente mentiras. Vá se foder. Não com agente. Você sabe, você pode pegar e enfiar pelo seu rabo”
Vic Bond (Articles of Faith)
A banda é de Los Angeles, existe desde 2004 e as garotas não são novatas na música, mas The Fool é o primeiro disco delas. Em trabalhos anteriores o Warpaint contou com a participação dos músicos John Frusciante (na mixagem do Ep Exquisite Corpse) e Josh Klinghoffer (como baterista), respectivamente ex e atual guitarrista do Red Hot Chilli Peppers. Pouco depois do lançamento de The Fool as moças já circulavam pelos festivais mais importantes da Europa e Estados Unidos, inclusive com passagem pelo Brasil recentemente.
As meninas da Califórnia acertaram em cheio logo no primeiro álbum. The Fool tem uma pegada experimental que mistura o pop de vocais doces e angustiados com psicodelia. O destaque fica por conta das canções Set Your Arms Down, Warpaint e Composure, as três sintetizam o clima do disco citado anteriormente.
É um ótimo álbum de estréia e, aparentemente o Warpaint gozou da liberdade e tranqüilidade para realizá-lo. Isso não vai acontecer no próximo lançamento já que a banda, mesmo fazendo parte da cena alternativa, se tornou mundialmente conhecida. Vale lembrar que as moçoilas foram capa da NME e isso atrai em demasia os holofotes.