quinta-feira, 16 de maio de 2013

Sobre a beleza de acordar de um suicídio




A beleza ainda vai salvar o mundo*

autor desconhecido (abril de 2013)

Lá no supermercado comprei meias, cuecas e uma garrafa de uísque barato. No caminho de volta sempre a mesma história: Semáforos, motoristas a beira de um colapso nervoso, trabalhadores com o tédio estampado no rosto. O cotidiano é sufocante. Isso pode matar um homem. Já em casa preparei uma dose com duas pedras de gelo, coloquei o The Wall na vitrola e peguei algo Hunter S. Thompson na estante. Antes do primeiro trago esbarrei no copo. Lá estava a esperança em forma de liquido escorrendo pelo piso junto com duas pedras de gelo. Quase fiquei decepcionado, mas logo pensei, "a beleza não é mesmo incrível?" Ainda tenho 90% da garrafa, os discos de vinil duram mais de cem anos e ainda não queimaram os livros do Thompson. Sim, a beleza é incrível! Alias, a beleza ainda vai salvar o mundo. A beleza da literatura, a beleza da música, a beleza da embriaguez. Pelo menos tem salvado a minha vida. Já é um começo.

 Míchkin - personagem do romance O Idiota - Dostoiévski 






Nenhum comentário: